domingo, dezembro 27, 2015

Peregrina


Desde pequena, a vida me proporcionou grandes lições, tive que aprender desde cedo que as coisas não seriam como as histórias que eu tanto adorava escutar e que imaginava.

Uma das primeiras lições, foi que devia respeitar todas as fases da vida, e aproveita-las, pois, elas são dádivas, muitas vezes são determinantes, fazem a gente se tornar exatamente o que nascemos para ser.

Ainda consigo lembrar, quando eu não conseguia nem ver por cima do muro da sacada da minha casa. Colocava todos os meus bichinhos de pelúcia em fileiras e cantava como se estivesse sendo ovacionada, e no fundo eu era, ninguém nunca reclamou.
Teve outra época que eu adorava inventar histórias, muitas vezes dramáticas e cheias de reviravoltas - não é atoa que me tornei justamente assim, não é mesmo? - um dos meus grandes sonhos, era ter uma casa para as minhas bonecas, mas que bom que nunca tive, porque eu era capaz de transformar todos os meus brinquedos em uma casa linda, com direito até a mesinha de plástico que virava piscina com tobogã.

Não se conta nos dedos quantos diários eu tive, muito menos quantas puceiras, e tão pouco quantos sonhos.

Teve algo em comum em todas essas fases: as decepções, com o tempo elas viraram as verdadeiras vilãs. Mas com cada uma delas, tive que aprender a ser paciente, e principalmente a enfrenta-las, assim como enfrentei o medo do escuro, e de dormir sozinha no quarto com a porta fechada. Que fase, hein!

Ah, houve outra coisa em comum em cada fase minha: o amor. Eu sempre sonhei com o amor, não só o amor que todos nós queremos ter para o resto da vida, mas, o amor na sua mais simples forma: a compaixão. Sim, essa mesmo, aquela em que você se coloca no lugar do coleguinha e sabe que não deve dizer aquilo para não machuca-lo. Ou, quando você abre mão de coisas que te fariam felizes, só para ver o outro lá, felizão. Com paixão. Toda paixão que deu para por, eu coloquei. Sem arrependimento nenhum.

Atualmente, aprendi com uma das minhas fases que ser é muito mais importante que ter, até porque, nós não somos daqui, tudo que tocamos deixará um dia de ser nosso, mas o que fazemos e o que somos, isso sempre será eterno.

Chegou a fase de só me deixar ser.

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